terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma mudará a história do país!


Aos 62 anos de idade, Dilma Vana Rousseff disputou sua primeira eleição – e venceu. A candidata de Lula derrotou, no segundo turno, o tucano José Serra. Da infância em Belo Horizonte ao Palácio do Planalto, Dilma percorreu um caminho que inclui a militância contra a ditadura, cargos públicos no Rio Grande do Sul e o comando da máquina federal no governo petista. Neste especial, saiba mais sobre a vida da primeira mulher eleita presidente do Brasil.
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Obama diz ter pressa para encontrar presidenta

Americano foi um dos diversos líderes mundiais a telefonar para Dilma

Brasília - Um dos momentos mais marcantes do governo Lula aconteceu em abril do ano passado, quando o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que ele é “o cara”, por ser “o político mais popular do mundo”. Ao que tudo indica, ‘a cara’ da política internacional, desde domingo, é outra: o americano foi um dos vários líderes mundiais que telefonaram ontem para congratular a presidenta eleita Dilma Rousseff e combinar um encontro.

           Na ligação, segundo a Casa Branca, Obama classificou o triunfo de Dilma como “vitória histórica”. Obama também “felicitou os brasileiros por sua fé e compromisso em favor da democracia”, além de destacar “a excelente relação de trabalho entre os Estados Unidos e o Brasil”.

           Ainda segundo o governo americano, Obama também disse à presidente eleita que tinha “pressa em encontrá-la e trabalhar com ela em assuntos ligados à energia limpa, ao crescimento mundial e à ajuda na reconstrução do Haiti”, além de examinar os esforços conjuntos de desenvolvimento e outros temas de importância mundial.

           Além de Obama, líderes de vários continentes entraram em contato com Dilma. Uma das saudações mais bem-humoradas veio da presidenta argentina, Cristina Fernández de Kirchner, ainda no domingo. “Bem-vinda ao clube das companheiras de gênero”, afirmou.

           Segundo um dos coordenadores da campanha de Dilma, Marco Aurélio Garcia, a presidenta recebeu ligações do presidente francês Nicolas Sarkozy, do colombiano Juan Manuel Santos, do chileno Sebastián Piñera, do mexicano Felipe Calderón e do português José Sócrates, entre outros.

           Em mensagem enviada à petista, o presidente russo Dimitri Medvedev disse desejar “sucesso neste alto cargo”. “Desejo felicidade e prosperidade ao povo brasileiro”, acrescentou. Já Gueorgui Parvanov, da Bulgária, convidou Dilma a conhecer a terra-natal do pai da brasileira.

           O grande candidato a fã de Dilma entre os líderes mundiais é Hugo Chávez. Domingo, ele já comemorara a vitória da petista em sua coluna semanal e no Twitter. Ontem, afirmou ter enviado novamente as mais “efusivas felicitações”.

Na Bulgária, eleição é o assunto do dia

           Foi com a manchete “140 dias de garra búlgara na luta pela Presidência do Brasil” que o jornal 24chasa — um dos mais importantes da Bulgária, no Leste Europeu — noticiou a vitória de Dilma Rousseff. Assunto durante todo o dia de vários canais de TV locais, a eleição da filha de um imigrante do país foi celebrada nas ruas.

           O orgulho da eleição de Dilma fez com que a Prefeitura de Gabrovo, onde Pétar Russév (que aportuguesou seu nome para Pedro Rousseff), pai da nova presidenta, abrisse uma exposição permanente no museu da cidade sobre a história da agora família mais ilustre da região.

           Na exposição ‘A raiz de Gabrovo de Dilma Rousseff’, a população de quase 70 mil habitantes da cidade pode conhecer e acompanhar, num arquivo de 35 fotos e em duas árvores genealógicas, um pouco da trajetória da brasileira.

           “Tenho impressão de que vai ser uma comoção muito grande se eu for lá. Uma emoção para mim e para eles. É um país pequeno. Imagina a visão do Brasil visto de lá. Acredito que sou a única ‘búlgara’ que teve sucesso fora da Bulgária”, disse ontem a presidenta, que admitiu, em entrevista, que não fala uma palavra do idioma.

            O pai de Dilma, que foi filiado ao Partido Comunista da Bulgária, deixou Gabrovo, onde tinha um filho (Luben Russév) e a mulher (Evdokia Yankova), à procura de um emprego melhor. Ele chegou ao Brasil no fim da década de 1930, mas se mudou para Buenos Aires logo em seguida por não ter se adaptado ao clima quente daqui.

            Anos depois, retornou ao Brasil e foi morar em São Paulo. Em uma viagem a Uberaba conheceu a professora Dilma Jane Silva, com quem viria a casar e ter três filhos: Igor, Dilma e Zana Lúcia — já morta.

Dilma: saúde e segurança pública em primeiro lugar

Assim que assumir, em janeiro, presidenta eleita vai convocar governadores para tratar de áreas que considera prioritárias

            Brasília - A presidenta eleita do Brasil, Dilma Rousseff (PT), revelou ontem que seu primeiro ato no Palácio do Planato, em janeiro do ano que vem, será convocar governadores para tratar das principais metas que ela pretende transformar em marcas de sua gestão: eficiência em segurança pública e melhoria na saúde. Dilma explicou que estes pontos fazem parte de seu compromisso geral com a erradicação da miséria no País.

“Meta é algo que você determina e corre atrás”, afirmou, em sua primeira entrevista como presidenta eleita, à TV Record, ontem à noite. Dilma também disse que vai lutar por educação de qualidade.

            Logo depois, a petista foi ao estúdio da Globo em Brasília. Ela contou ao Jornal Nacional que, na hora em que recebeu a notícia de que estava eleita, foi como se estivesse “anestesiada”. “É preciso o tempo passar para absorver uma notícia como essa, com a grandeza do Brasil”, disse. “Chorei um pouco, para dentro, quando mencionei o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em meu discurso. E chorei muito depois, para fora, quando cheguei em casa”.

            À Record, Dilma havia contado que só se deu conta mesmo do que havia acontecido ao despertar de madrugada, às 5h da manhã de ontem: “Então eu comecei a pensar, caiu a ficha que vou ser presidente. Eu não tinha tido insônia, mas aí, o sono se tornou inquieto. Dormia e acordava toda hora”.

            As entrevistas aconteceram depois de um dia quase inteiro de reunião na casa de Dilma, em Brasília, para definir a equipe que vai cuidar da transição de governo. Amanhã, será anunciado oficialmente que o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP) serão os responsáveis por negociar com os partidos aliados. O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel cuidarão da parte institucional. O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, cuidará de questões internacionais.

            A primeira reunião do grupo está marcada para a sexta-feira. A presidenta eleita, no entanto, não pretende participar: ela quer descansar de hoje até sábado em Porto Alegre, na casa da filha, Paula, e ao lado do neto, Gabriel, de quase 2 meses. No fim de semana, Dilma volta a Brasília. Na próxima semana, ela vai acompanhar a comitiva do presidente Lula em uma viagem a Moçambique, na África, e à reunião do G-20 (o grupo dos 20 países mais ricos do mundo), na Coreia do Sul.

Presidenta deixa claro que vai combater a guerra cambial

            Nas duas primeiras entrevistas concedidas após a eleição, Dilma Rousseff se comprometeu a manter os principais pilares da política econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, demonstrou preocupação com os rumos da economia mundial e disse ter cartas na manga para combater a supervalorização do real, problema com o qual vai se defrontar antes mesmo da posse.

            Dilma, que vai acompanhar Lula na próxima reunião do G-20, deixou claro que o Brasil não será tolerante com a “guerra cambial” praticada por alguns países para obter vantanges nas exportações. Ela espera que na reunião na Coreia do Sul sejam criados instrumentos para impedir a prática da “desvalorização competitiva”, que prejudica os produtos brasileiros. A ex-ministra se compreteu, ainda assim, a não desvalorizar artificialmente o real.

“Eu manterei todos os princípios que regeram o nosso governo no período Lula. São os princípios que fundam a estabilidade macroeconômica no Brasil”, declarou a presidenta à TV Record, mencionando as metas de inflação e o controle dos gastos públicos, com a manutenção dos investimentos e dos programas sociais.

             Dilma negou que já tenha definido os nomes do seu ministério, mas adiantou que pretende nomear pessoas com competência técnica e prometeu dar vez às mulheres. “Vou dar muita importância a uma representação feminina”, declarou.

             Uma das possíveis colaboras é a diretora da Petrobras Maria das Graças Foster, cotada até para assumir a presidência da estatal. A permanência de José Sergio Gabrielli no cargo não está descartada. O cargo mais cobiçado no ministério é o da Fazenda. Segundo integrantes do governo, Lula teria pedido pela permanência de Guido Mantega, mas a pasta pode ser comandada pelo atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Edison Lobão é cotado a voltar para Minas e Energia.



Por Pedro Paulo.

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